Fotografia aérea faça você mesmo
Objetivos possíveis
- Coletar indícios de desflorestamento ou degradação florestal
- Capturar evidência de irregularidades de empresas no uso da terra
- Apoiar as comunidades apresentando e fornecendo conhecimento
- Fornecer evidências concretas ao poder público para incentivá-los a reconhecer terras indígenas.
Esta introdução faz parte de uma Cartilha de uso da tecnologia para monitoramento e compartilhamento de informações sobre questões das florestas tropicais, direitos territoriais e dos indígenas. Foi criada como um ponto de partida para organizações e ativistas interessados em utilizar tecnologia para realizar melhor seu trabalho de proteção, e resultou de uma parceria entre a Fundação Rainforest da Noruega e The Engine Room.
Baixe a cartilha completa (1.6MB pdf). ou leia abaixo online.
O que é
-
Fotografias aéreas podem ser produzidas por drones (veículos voadores sem piloto), balões ou pipas conectadas a uma câmera digital que tira fotos durante o voo.
-
Essas fotos podem ser combinadas por software em mapas ou modelos 3D, que podem ser usados para diversos fins inclusive monitoramento de vida selvagem, registro de reclamações de terras e documentação de impactos de mudanças climáticas.
Como pode ajudar
Mapas de alta resolução podem ser caros, desatualizados ou de difícil acesso (veja a seção Mapeamento com satélite. Você mesmo pode criar mapas aéreos que fornecem dados detalhados de mapa da área exata que você quer, em tempo real. Também permite que você voe sobre a mesma área regularmente, o que lhe dá evidência de mudanças ao longo do tempo.
Ferramentas
Se você tem um orçamento curto e quer cobrir só uma área pequena, pipas e balões são as opções mais fáceis (veja abaixo a seção Custos). Eles podem ser construídos de materiais simples ou kits pré-preparados. Se as copas de árvores restringirem o voo de balões ou pipas, você vai precisar gastar mais e comprar um drone (veja abaixo Custos). Há dois principais tipos: um drone com quatro ou mais rotores (fácil de voar, mas só voa cerca de 30 minutos), ou uma aeronave de asa fixa por controle remoto (elas podem voar até 60 minutos – mais fácil de arranjar, porém mais difícil de aterrissar). Você também vai precisar de uma câmera digital simples, software para planejar rotas de voo, voar o drone, e editar fotos.
Custos
Embora o material necessário para criar e construir um drone, balão ou pipa estejam mais baratos do que nunca, utilizá-los de forma eficaz leva tempo, requer aptidões práticas básicas e paciência para aprender o novo software. Aloque tempo de treinamento de pessoal, ajustes técnicos, gerenciamento de dados e comunicação com as comunidades onde você vai voar. Uma pipa básica capaz de carregar uma câmera pequena pode custar só 70 dólares, e você pode comprar um kit de balão por uns 200 dólares. Há kits disponíveis que permitem a criação de drones por cerca de 1.000-2.000 dólares. ConservationDrones também coleta drones não usados e doa para grupos relacionados às florestas tropicais. Estão disponíveis software grátis, de código aberto, autopilot e de criação de mapas, e a rede ConservationDrones, DIYDrones e Humanitarian UAV podem oferecer (quase sempre grátis) aconselhamento e assistência.
Riscos e desafios
Fotografia aérea faça você mesmo e drones são tecnologias novas, e melhores práticas e regulamentos legais ainda estão sendo desenvolvidos. (O código de conduta da rede Humanitarian UAV é um excelente documento para seguir; veja também esta lista de regulamentos de drones em diferentes países. Envolva as comunidades locais sempre que possível, envolvendo-os na condução do mapeamento. Certifique-se que eles entendam exatamente quais dados estão sendo coletados e como serão usados. Remova qualquer informação que identifique pessoas, e compartilhe depois com a comunidade mapeada as informações coletadas. Alguns países estão começando a introduzir restrições legais sobre quem pode voar um drone e onde, verifique se é permitido antes de começar.
Estudos de caso
Construindo e voando um drone em colaboração com a comunidade local
Em 2014, membros da comunidade Wapichana em Guiana e a organização Digital Democracy construiu um drone de asa fixa usando um kit, uma câmera GoPro (disponível por cerca de 100 dólares) e software open-source grátis. O drone foi então usado para criar um modelo 3D detalhado de Sholinab, um vilarejo local.
Como isso ajudou?
-
A equipe de monitoramento de Wapichana não tinha experiência anterior de engenharia, mas conseguiu construir o drone usando materiais da área local, fazendo do drone um objeto mais familiar construído em conjunto.
-
Membros da equipe primeiro aprenderam a voar o drone sem um piloto automático. Tiveram dificuldades na aterrissagem no começo, mas isso os ajudou a adquirir confiança e entender como o drone funcionava.
-
O grupo identificou diversos usos possíveis para o drone no futuro, incluindo monitoramento de desflorestamento ao longo do tempo, mapeamento de vilarejos para alocação de gestão de recursos, e documentação de exploração ilegal.
Denúncia de exploração ilegal usando um drone
Em 2014, ConservationDrones e o Sumatran Orangutan Conservation Programme (SOCP) usaram um drone para tirar fotos aéreas de parte do Parque Nacional Gunung Leuser na Indonésia. A organização voou sobre a mesma área duas vezes em dois meses, produzindo claras evidências fotográficas de exploração ilegal.
Como isso ajudou?
-
Sem fotografia aérea, a exploração poderia não ter sido descoberta: as madeireiras tinham ocultado suas atividades no solo deixando uma faixa de árvores ao redor da área explorada.
-
ConservationDrones e SOCP entregaram as evidências para autoridades do parque, que conseguiram interromper as atividades de exploração ilegal naquela área.
Outros recursos
-
O site Conservation Drones inclui um guia para construir e voar drones, assim como exemplos de como eles têm sido usados no trabalho de conservação: http://conservationdrones.org/
-
DIY Drones tem um guia de introdução aos UAVs: http://diydrones.com/profiles/blogs/a-newbies-guide-to-uavs
-
Public Laboratory fornece guias e assistência com a construção de pipas, balões e sensores para mapeamento http://publiclaboratory.org
-
A Humanitarian UAV network (UAViators) tem uma série de informações úteis http://uaviators.org/about-this-site-rules e uma pesquisa de leis que afetam voos de drones em países ao redor do mundo http://wiki.uaviators.org/doku.php
-
Guia de mapeamento com balão da Geojournalism: http://geojournalism.org/2013/08/balloon-mapping-how-to-make-your-own-low-flying-satellite/
-
Solutions Center da NetHope tem webinars e recursos para o uso de drones http://solutionscenter.nethope.org/communities/unmanned-aerial-vehicles.
Sobre
Este site foi criado pela Fundação Rainforest da Noruega e The Engine Room como uma introdução ao uso da tecnologia para monitoramento e compartilhamento de informações sobre questões das florestas tropicais, direito à terra e direitos dos indígenas. Baixe a cartilha completa aqui.
Comentários ou perguntas? Entre em contato post@theengineroom.org ou rainforest@rainforest.no.
A Fundação Rainforest da Noruega (RFN) é uma das organizações líderes mundiais de proteção das florestas tropicais com base em direitos. Sua missão é apoiar as iniciativas dos povos indígenas e populações tradicionais das florestas tropicais do mundo de proteção ao seu meio ambiente e garantia de seus direitos, auxiliando-os a:
-
Garantir e controlar os recursos naturais necessários para seu bem-estar em longo prazo e a gerenciar esses recursos de formas que não prejudiquem o meio ambiente, violem sua cultura ou comprometam seu futuro.
-
E desenvolver meios para proteger seus direitos individuais e coletivos, e obter, modelar e controlar serviços básicos do Estado.
A RFN colabora de perto com mais de 70 organizações ambientais, de direitos humanos e indígenas, locais e nacionais, em 11 países na região Amazônica, África Central, Sudeste da Ásia, e Oceania.
Contribuidores
The Engine Room é uma organização internacional que ajuda ativistas, instituições que promovem mudança social e agentes de mudança a tirar o máximo proveito de dados e tecnologia para aumentar seu impacto. The Engine Room fornece apoio direto a projetos de organizações de mudança social; reúne comunidades para sincronizar as ideias emergentes e conseguir profissionais; além de documentar e publicar descobertas para ajudar qualquer pessoa do setor a tomar melhores decisões sobre o uso de dados e tecnologia.
Tom Walker e Tin Geber pesquisaram e redigiram a história principal, e Ruth Miller liderou o trabalho de design e criação visual. Foram inestimáveis a contribuição e o apoio à edição de Vemund Olsen e Christopher Wilson. O código-fonte do site está disponível em Github.